quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Tanta coisa que eu tinha a dizer....

...mas me perdi na poeira das esquinas novas, na alta frequência do acaso. Ih, Carlos, estamos desenvolvendo bem a arte do nosso desencontro. Mas como temos a caneta e os olhos de um irmão, quem sabe a distância, anestesiando-nos de nossas imagens um do outro, permita explorarmos melhor o tutano do peito, cuca, tempo e maturescências.

"Anda de lá da calçada
sigo de cá dessa rua
avenida movimentada da vida"

Calma que sempre haverá um sinal fechado, quando vira-latas cruzam a rua pra beber a fraternidade entre eles. Ai então o refrão, já não mais do Savoy, será assim: são dois homens sentados, dois copos de chopp, duzentos desejos presos, dois mil sonhos postados.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Esse aí são fragmentos captados do cotidiano em grupo, das relações humanas estabelecidas aqui no Lumo Coletivo. Surpresas e lições despejadas despachadas, talvez tema para aquelas discussões onde a conclusão final é o que menos importa.

Arte é se encontrar

Como prerrogativa inicial desses clarões, visto-me, entre outras, da teoria dos complexos (redes, organismos).

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A opção voluntária de se relacionar pressupõe questões, intrínsecas a sua manifestação, que nem sempre são devidamente observadas. Afinal, estar atento aos pentelhos que caem num banheiro de uso coletivo é estar, inclusive, analisando os critérios de quem, por direito (qualquer um que se estabeleça), deverá recolher os pentelhos alheios.

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Imaginem por um momento

que um objetivo fosse o centro de uma circunferência

onde pessoas (desarmadas, de preferência)

mirassem esse epicentro.

Engraçadas as conseqüências matemáticas dessa relação:

Quanto mais cabeças em roda

mais distantes umas das outras

e mais distantes cada um

um por um

do fim comum.

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Quem não se comunica, se trumbica

se não foi pelo menos sincero.

Sinceridade, aferência pessoal consigo mesmo, com o que se mira....o que se quer, afinal?

Sinceridade, sempre a paulada enigmática.

Seja qual for a real manifestação do livre, do ser liberto (libertário ou não), ainda continua sendo arte se encontrar

Não se termina o vivido

Abandona-se

domingo, 2 de novembro de 2008

Especiarias

Não manejei cuidar de mim
nem de meu jardim
das minhas três pimenteiras

Jimi secou
Rita morreu
e a que plantei no peito
essa nunca que ardeu

***

Certo dia, Carlos, estava sentado no chão da minha varanda, lugar que particularmente aprecio bastante em meu pequeno apartamento justamente pela fuga que me proporciona, fuga da cidade, de mim. Sentado regando as minhas plantas, imerso em meu "monólogo com elas". Esse texto nasceu aí, veio poema feito, pronto. Só ajustei depois uma ou duas palavras pra melhorar o ritmo e exponencializar a simplicidade dele.

Há quem diga que as plantas não falam. De fato, não precisam falar.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Dúvidas

Sei que não há novidade
se digo Saudade vem da pura falta

Curioso é vê-la como a inesperada
necessidade de rápidas respostas
à realidade que, novata, indaga

Por exemplo:
o que fazer com meia cama vaga?
Há quem se esprema mesma metade (ou na outra!)
a confortar-se
como há quem, por conforto
seu corpo espalhe

Então, meus caros, deixo a provocação
e clara:
se saudade é perguntar o novo
inventando-se uma resposta
saudade assim se cala?

Dopa

Vamos lá
cutuco:

Por que moeda
se o amanhã desconhece qualquer meta?

Por que teu ego?
Se olha pra cima
Teto é universo sorrateiro esmigalhando
teu ridículo:
a mente é ameba
querendo saber campos quânticos

Como!?
Por todos os cantos, há infinitos
galácticos
atômicos
e não vejo ninguém devidamente atônito
enlouquecido e pluma
de ter-se finalmente visto ínfimo
estúpido
e vivo

Não se deliciam
Não acordam no sabor açúcar
a doce liberdade da imensidão
Os olhos abrem, sim, dopados
e ecce homo patética (e íssimamente!)
cotidiano blá, e blá e blá...Estúpidos!

Perdida a paciência no verso.