sábado, 14 de março de 2009

Insight

Que a arte irrompa livre.
Bombástica, cáustica ou carinhosa, traga aos imperfeitos corpos o leve sabor da perfeição transcendente, sua poesia. Que ela seja carruagem de significados amplos, novos, descontentes de habitarem eternamente eternas pradarias de idéias fractais, e traga luz às sombras da caverna. Significados desejam homens e homens nada são senão significados. Que ela derrube no mais cético dos homens sua maior ilusão: a solidão. Que ela demonstre claramente a dança dos mundos, aquele à frente e aquele detrás de seus olhos. Mas que a arte assim o seja, e só. Nada de palavras além do papel ou do barro, nada de explicações contextualizadas, espelhos do ego. Elevem-se apenas o som e o arrepio plantados pelas cordas do violino, acima, muito acima de todas as bobagens pertinentes ao homem que pergunta: é stradivarius? Não somente a corda, mas o homem torna-se instrumento. Não somente a tinta ou a cor, mas a técnica que a domou, o peito que a intuiu e a consciência que a escolheu "Azul!" para pintar a leveza do mundo.

Em seu estado puro, crianças dançam, pintam e escrevem. Pergunte se buscariam elas a grória da imortalização ou o poder estúpido e ilusório dos tesouros que abarrotam os cofres. Elas não saberão responder. Ainda não entenderam que inevitavelmente mergulham cada vez mais no lixo, mas que um dia terão sim uma escolha cotidiana: lutar para respirar novamente ou entorpecer-se para chafurdar sorrindo na lama?

quinta-feira, 12 de março de 2009

Atento

Tente andar sempre atento ao significado óbvio das pequenas coisas, os detalhes do presente momento, sempre lá, indiferentes à indiferença nossa

Lança sob o mesmo mar diferentes redes, o novo olhar
e o imediato futuro pescará, de pronto
novo ensinamento

Pra ser específico, cabe o exemplo bobo de um revolucionário que apara a barba
ou os cabelos
Pela estética, o homem talhará o pêlo
que se rebela
que se levanta
se insurge?

Somos todos revoluções